Wednesday, December 15, 2010

sweetheart,
sabe que ando pensando muito em você. engraçado porque eu tenho uma mania de te escrever cartas e nem sei se você gosta.
a primeira vez fui até sua casa em pinheiros (destaco isso porque é um bairro muito charmoso que eu adoro), e te deixei um quadro e uma carta. foi o único quadro que fiz pra alguém. passado um tempo nunca mais nos vimos. bom, na verdade nos vimos, eu estava acompanhada pelo meu namorado da época e não te falei oi. que estúpida, não? não entendo porque. mas a vida tem essa coisa estranha de cruzar caminhos igual cruza linhas de metrô. de uma forma muito sutil. e logo depois que meu namoro terminou eu te encontrei assim, de bobeira. incrivelmente no mesmo lugar que a gente se conheceu. e bem que a gente tentou, lembra? cheguei a ir com você na casa de uns amigos. uma coisa que eu sempre tinha pensado em conseguir de você e que, quando aconteceu, eu estava tão anestesiada com outras coisas que me fiz branca. e não me arrependo.
que seja, porque escrevi mesmo pra relembrar a última vez que nos vimos. eu te encontrei em um dos meus lugares favoritos de são paulo, na cinemateca. mas acho que fiquei tão boquiaberta que não consegui te dizer isso. era uma quarta de tarde talvez. eu já tinha saído do meu trabalho porque estava prestes a viajar. era em um típico horário que a gente não encontra ninguém que a gente conhece, porque as pessoas que a gente conhece estão trabalhando quarta-feira de tarde de uma semana normal. mas você tava lá, com sua entrada em mãos pro próximo filme. quando eu te reencontrei confesso que não entendi direito, porque fazia um tempo, não? mas te ver foi tão bom. conclusão, você acabou desistindo de ver o filme e fomos beber uma cerveja. ficamos conversando horas sobre assuntos que nunca pensei em falar com você. você me contou sobre sua viagem para NY, seu amigo artista e sobre tudo o que eu perdi nesse tempo que estivemos afastados. pegamos ingresso pro próximo filme e fomos juntos. vê do que o destino é capaz, rapaz?
na hora de ir embora nos despedimos como se quiséssemos ficar. te chamei pra ir numa festa sexta de noite. na verdade depois agradeci que você não pode ir porque eu estava com um menino. desses que quando você chega na festa, já sabe que vai encontrar e ficar, sabe? e se você fosse, não sei como lidaria com a situação.
recebi os filmes que você deixou na minha casa e o bilhete. entre eles estava um dos filmes mais incríveis que eu já vi na vida, que você me apresentou. lembro que quando estávamos juntos falávamos muito sobre cinema. repara como eu tenho tudo na minha memória sobre como os nossos detalhes aconteceram?
devolvi os filmes na sua casa, outra carta.
e então te convidei para minha despedida, sem esperança nenhuma de você aparecer porque, sem bem me lembro, no último mês perdemos o contato de novo. e você esteve lá. tão lindo. naquele dia eu percebi que passei minha despedida inteira ao seu lado, e você me tratou tão bem. a gente se quer mesmo. se quer muito bem.
e agora estou aqui na europa que me lembra muito você. claro, não estou deixando de fazer nada e de conhecer ninguém por sua causa, menino. até porque te conheço, e você também leva assim.
mas confesso que me despedir de você depois daquela noite, do nosso calor e do samba, me deixou lembrando das primeiras vezes que a gente se conheceu. como foi diferente, como gostava de você. como desejo te ver de novo.

Tuesday, December 14, 2010

a gente sofre quando um amor termina e aí sofre quando o amor termina na gente.

Sunday, December 12, 2010

e eu me sentia assim, matando o amor. como quem mata um copo de cerveja em um bar sujo perto de casa. assasinato em carne viva. tranquila, quase prazeroso. it's easy, right?

me ensinaste a viver sozinha, amor. e assim me tornei, pra não ser injusta.

quase uma lonely people da música dos beatles. eu, sinceramente, não sei para onde vou e a que lugar pertenço. e nem quero, isso é importante.

de quem eu sinto mesmo saudade passou dois exatos meses na minha vida e me quer muito bem, e eu a ele. ironicamente, nos reencontramos na despedida. eu pedi, despretenciosamente, e ele apareceu com um sorriso no rosto - aquele sorriso lindo, cabelo bagunçado, querendo ser meu. se eu pudesse trazia-o comigo. me ensinou a deixar pro mundo decidir se é pra ser ou não, e é tão verdadeiro. quando eu voltar, a gente vê. enquanto isso sigo mandando periódicos da europa no frio daqui, pra que ele leia de noite, no calor daí.

Friday, December 03, 2010

aqui em barcelona às vezes tenho um feeling meio beatles e não paro de me perguntar: 'all the lonely people, where do they all come from?'


'where do they all belong?'

(é necessário pertencer a algum lugar ou a alguém?)

Monday, November 08, 2010

eu gosto de falar sobre nós, com você.

Wednesday, September 15, 2010

sexta-feira passada você me chamou pra dançar. não era uma valsa, mas me contou seus sonhos. e eu, pacientemente, tentei te dizer que não cabem nos meus.

ontem você me deu um sonho de valsa. e o jeito que aconteceu foi lindo, mas sua dança não é alinhada com meus passos. o sonho, no entanto, guardei na bolsa. eu te juro.

Tuesday, August 24, 2010

es solo cuando fumo un cigarillo en la ventana que me acuerdo de ti.
aunque el tiempo de mi cigarillo sea lo mismo que intento olvidarte.


'escrevo para não ser escrito.'

Wednesday, July 07, 2010

ando com aquela sensação de 'esqueci alguma coisa',
e parece que foi você.

Sunday, June 27, 2010

ele chamou meu corpo de parque de diversão
e eu ainda não saí da montanha russa.

Tuesday, June 08, 2010

acidente.

você parou no ponto-cego
e meu coração bateu.

Wednesday, May 26, 2010

terça-feira:
comprei um livro para intercalar leitura com o meu livro atual. coincidentemente os dois tem exatamente a mesma cor de capa. achei lindo. pensei em você de manhã, comecei a pensar em você de tarde. te acompanhei até o posto e ganhei um cigarro seu. não tomei café, de noite já não pensava mais.

quarta-feira:
conheci uma banda nova. escutei por horas a fio uma música no repeat. ganhei um poema, fiz outro.

quinta-feira:
comecei o dia te odiando, tendo a maior certeza do mundo que seria impossível ser feliz ao seu lado. você me chamou pra um show, eu recusei. no entanto tive a melhor conversa de todas com você. acabei o dia te amando.

sexta-feira:
estive com pessoas que eu amo. estive feliz todo o tempo que estive com as pessoas que eu amo. eu te amo. eu amo sexta-feira. recebi uma mensagem sua, e estava em branco. retribui com uma mais tarde, mais bêbada.

sábado:
você esteve em casa, me contou tudo o que aconteceu durante a semana. fui ao show, pensei que estou feliz por viver e estar aqui. reencontrei pessoas que amo, fui ao cinema, briguei com as pessoas que não paravam de falar. te mandei um beijo, outro, tchau.

domingo:
acordei tarde. estava leve. tomei um banho, ouvi sem parar a mesma música de quarta-feira. recebi uma mensagem boa, recebi um e-mail ruim. fui a uma exposição, tirei algumas fotos. lembrei de você em todas. tentei não me envolver com pessoas que não fazem diferença, passei para frente um encontro marcado há algum tempo. fumei um cigarro na janela. você achou bonito. fui ao samba, cantei. lembrei do meu sonho, não dormi bem. suspirei por você de noite, de madrugada esqueci. aprendi algumas coisas com o meu livro.

segunda-feira:
fui trabalhar, cheguei atrasada. choveu. odiei todas as pessoas de manhã, amei cada uma, cada vez mais, de noite. sai do trabalho tarde, fui ao cinema. não gostei do filme. tomei uma sopa, queimei a língua. discutimos sobre algumas coisas que não vão mudar e a gente sabe. discutimos sobre algumas coisas e prometemos mudar. desligamos o telefone brigados mas nos resolvemos por mensagem mais tarde.

terça-feira:
acordei sonhando, trombei em uma quina. errei a rua. há um tempo pensava em te conhecer, há alguns meses pensava em te esquecer, há umas semanas não vivia sem você, agora me sinto ótima sozinha. todo es distinto. te quiero.

Monday, May 03, 2010

tenho passado alguns dias na cadeira elétrica, na morte diária que é o amor.
e não tem volta, não tem fim e não tem morte.

tenho comprado livros - estou lendo muito, sublinhado as partes bonitas e lido ao seu ouvido. como é que é, se não for assim?

a gente já aprendeu a se largar, a não se ter. e, da mesma forma mas com mais vontade, aprendemos a saber como é.

sou eu sempre que quero ligar o ventilador.

tenho sido idiota em tudo.

'não compreendemos, como é possível não ser feliz ao olhar para os olhos que os olham e os amam.' o idiota, dostoiévski.

Wednesday, April 21, 2010

é que hoje eu sei que sou diferente, bem diferente a ponto de não me perder de mim. com os gostos e desgostos que criei e alimentei, agora meu pensamento mudou. aceito mais as coisas e não brigo com quem não me convém. se eu pudesse falar mesmo a verdade, a verdade seria que agora eu sei que não tem certo e errado pra nada. é só continuar resistindo e encontrando o melhor jeito pra ser feliz e ir em frente. tudo bem, eu sou mesmo essa pessoa ao contrário. me sinto extremamente encantada por quem consegue conversar coisas bacanas, mostrar lugares diferentes. sou capaz de perder horas com o acaso. descobri que leveza é fundamental, e se não for assim, sigo sozinha. te digo isso porque as pessoas de boa sintonia que tenho comigo são impressionantes, e as que não são da minha frequência, nem perco tempo. não gosto mais de coisas mais ou menos, to com essa mania de querer tudo por inteiro: emoções extremas, loucuras necessárias e desprendimentos possíveis. e não é conformismo, muito pelo contrário, é vontade de acrescentar coisas na minha vida e na vida das pessoas próximas. sinceramente, quando não me sentir mais assim é porque falta material pulsante por dentro, e não foi pra me sentir morta que cheguei até aqui. eu estou profudamente apaixonada pelas coisas e pessoas que me fazem amar. eu sou o amor.

'e apesar do meu medo há em mim uma paz enorme que eu chamo de felicidade.' caio f. a.

Friday, April 09, 2010

passaporte.

o fato é que
se não existesse fuso-horário,
minha cama é de casal
e ta sentindo sua falta.

então arruma teu relógio
e continua aí vivendo, sendo meu.

que eu de cá te digo:
entre o frio e a vontade,
o que me faz falta são seus braços.

é o vazio na alma,
que não atrapalha na alfândega
porque não sai em raio-x.

Thursday, March 25, 2010

eu gosto muito de você. meu deus por que não disse isso antes o quanto gosto de você? e agora que você pegou o avião, nesse dia de chuva, nessa tempestade eu te dei um abraço dizendo pra nós que eu gosto de você. sabe que vou sentir muito sua falta, e isso eu não disse. era pra eu ir embora, e você acabou indo antes. nesse último fim de semana que te tive comigo não cabia em mim, mas tenho essa mania horrível de não demonstrar. pra que os aviões? a gente tem sempre um lugar pra ir. tem sempre um lugar que a gente pensa que vai ser mais feliz do que aqui. e eu te juro: vou te ver. nesses últimos dias eu te vi. e agora parece que virou cegueira, te amo. tem como? é de perder o ar mesmo, meio clichê. te quero feliz, mas ao meu lado seria tão bom. eu precisava de coisas leves e você o foi. dividiu a cama, o começo e o coração. no show de samba, na banca. sabia que aprendi? e o engraçado, que não foi dito, é que to indo pra onde você sempre sonhou, e você pra onde eu sempre quis. eu te quero tanto. vai ser chato andar por aí sem te encontrar. eu te encontrei tarde demais dentro de mim. não quis te prometer nada, por medo de não cumprir. eu sei que errei, mas não é bom que agora te prometo o mundo? bem agora que tem um muro entre nós. eu achei que o amor não te pegava. e te deixou de cama, de bode. e me deixou de cara, de coração aberto. eu to desorientada sem você aqui, volta? estou com medo desse desencontro. dessa minha vontade de te esperar. tudo que leio lembro de você, essas coisas de paixão. te quero naquele show, de novo. fazendo minha casa no seu cangote, cantou. e eu fiz. quer saber? eu quero te escrever uma carta, te contar tudo, endereçar pra sua nova casa e pro meu novo amor.

Monday, March 08, 2010

eu sou esse desencontro horrível de tudo que quero e tudo que não dá certo em mim. e em mim tudo continua sendo esse corte de cena no clímax da ação. essa coisa absurda de nascer e acabar rapidamente, sem fim. estou cada vez mais só pra ser cada vez mais eu. descansar emfim, embora do meu lado transitem pessoas maravilhosas e especiais o tempo inteiro e eu as amo. todas, muito.

Friday, January 29, 2010

às vezes eu fico desejando, mesmo que secretamente, ficar com você de novo. mas é tão inocente que é tipo sonho de criança. porque me parece que se pensar de verdade, eu paro antes. daí não sei se desejo que você me surpreenda ou que continuemos assim, cada um com a sua vidinha, acordando separado, desviando as lembranças e se envolvendo por aí. e pra ser sincera mesmo, eu nem ligo mais. mas imagina só se não ia ser diferente, uma semana não ia dar pro tanto que eu tenho guardado pra te contar. você sabe que eu penso isso às vezes, nem sei se eu te reconheceria ou você entenderia qual é a minha. acho que às vezes eu desejo secretamente te desejar. e passa. muito rápido.

Thursday, January 28, 2010

eu estou adorando pentear os cabelos, escovar os dentes, pintar as unhas e sair por aí. estou adorando abrir o guarda-chuva, abrir a boca de sono e abrir meu coração. eu estou adorando morar em são paulo, ser quem eu sou, ser quem eu nunca fui. estou adorando ouvir histórias, ler histórias e inventar história.

eu tenho adorado não saber fumar com a mão direita, porque a tendinite me atrapalha fazer isso com a esquerda.

eu tenho te adorado, te juro.

Tuesday, January 26, 2010

eu só queria te pedir pra deixar pra amanhã pra ir embora.

e é sempre amanhã.

Tuesday, January 05, 2010

sola.

eu gostei do nosso amor errado,
de tudo que foi guardado
despedançando enfim.

eu gostei desse teu jeito doce,
desse teu sonho torto,
do que te trouxe aqui.

eu gostei da tua cama estreita,
aquela que a gente deita
e parece que não tem fim.

eu gostei de caber no teu colo,
de te ver nos meus olhos,
de te querer assim.

eu gostei de saber de você,
de não enlouquecer,
de te dizer que sim.

gostei de saber que teus braços,
mesmo que cansados
estão pronto pra mim.