Friday, October 27, 2006

Meu silêncio nada mais é do que o vão que me separa do mundo, e é meu. É abismo e saudade de tudo, o tempo inteiro. Meu silêncio é a ânsia das coisas coloridas. Meu silêncio, que me mata sufocada, é a ira, a vacina, a minha eutanásia perdida. Eu ainda grito e choro, ainda digo em verdades varridas cada censura que me limita. Eu ainda canto e sambo e danço e morro a indiferença que me domina e o amor que me abomina. Eu ainda escrevo e rasgo e pinto e queimo o ódio que eu tinha. Eu ainda me faço e desfaço de você, que é meu, e desse silêncio, que é teu, por todas as horas do meu dia. Eu hei de calar o silêncio, o eco, e gritar a vida.

Monday, October 09, 2006

Para pior.

Você mudou de rua, e eu de rumo
Você mudou de casa, e eu de causas
Você trocou o carro, e eu perdi todos os meus atalhos
Você perdeu o número, e eu a conta de quantas vezes disquei errado
Você nem me respondeu, e eu sentada na sala
Você preferiu o simples, e eu procurava a cura por ser a errada
E de janeiro foi pra novembro
O tempo passou cantando, e eu calada
Você não ligou pro fim, e eu chorei apática
Você viajou para longe, e eu perdoei sua farsa
Agora te vejo de frente, sem armas
Você com a feição acabada fala que me amava
E eu que mudei minha vida, percebo que você não mudou nada.