Thursday, October 20, 2011

completamente perdida,
perdidamente completa.

Thursday, September 29, 2011

como dona do meu destino te digo:
seria possível entregá-lo na tua mão,
só por instinto.

como detentora de um coração repito:
fico esperando a tua ocupação,
uso capião.

Tuesday, August 30, 2011

tá complicado entender, mas que agosto termine calmo e pouco fácil como vinha sendo todos os outros agostos passados.

que agosto de felicidades extremas e tristezas estranhas acabe.
(que eu continue amando tudo que esteve na minha vida em agosto, mas que de agosto não passe).

Thursday, August 25, 2011

como pode você assim,
despertar em mim
só coisas boas?

eu não fui embora na hora errada. porque ainda é hora, será hora, são horas, vão ser.



Thursday, August 11, 2011

a gente sabe que quer muito bem todo mundo, mas como é ruim voltar! as coisas sempre iguais, a queda. a porta do aeroporto que coincide com outras portas. que ordinário é o tempo.
a gente fica feliz, claro. é bom rever quem ficou. mas quando o mundo é maior, que a gente descobre que existe amor em espanhol, coisa que falta em são paulo, dá um aperto. você sabe que eu sou meio radical em relação a isso (não só a isso mas enfim), e sempre quis me provar que lá também, uma hora, viraria mesmice. mas agora é idade de abraçar o mundo, e dá um desespero quando você vê que, mesmo sem querer, seus braços encurtaram. é, tem gente que nem vai, que nem conhece, que nem pode. no fim fica tudo igual: você volta, se adapta, para de chorar, vai trabalhar pensando todos os dias que não quer isso da vida. e quando vê, já tá se envolvendo por aí de novo, pensando que tá tudo bem. eu te entendo, sabia? eu entendo a distância, o asco, o quanto algumas pessoas eram significativas e deixam de ser. eu to passando também. eu sei que tem sensação que não explica, amor que não se conta, amizade que supreende e outras que ficam pra trás. eu entendo que perder a mala é pequeno perto de perder a cabeça. fazer escala é diferente de distância. que a aflição de voltar, faz com que qualquer cabine esteja despressurizada, é pura turbulência. a galera aqui fica sem sal, igual comida de avião. põe o fone, ve um filme, mas não desiste não. tem muita gente com valor. olha, se eu pudesse mesmo eu daria um fast foward até isso acabar. mas não rompe assim não, me dói saber que tá tudo diferente. eu tenho algumas palavras no bolso, quando acontecer da gente sentar eu posso te falar. 'quem tem saudade não está sozinho tem o carinho da recordação', lembra dessa? é isso, imensidão de sentimento não esgota igual paciência. que pena que tá difícil te dizer isso agora.

Friday, July 29, 2011

você me disse uma vez que a gente é estante de vidro: escorrega-se perto e tudo vem abaixo.

eu tenho me equilibrado. vivido bem, sentido pouco.

Monday, June 20, 2011

alguma coisa em mim partiu e eu não sei ser mais a mesma.

desaprende-se a ser pouco verdadeira.

eu sou tão descontente que dá asco.

Sunday, May 08, 2011

e por nada a gente perde a vontade de voltar, e fica o tempo inteiro tentando correr pra passar um tempo enorme perto das pessoas que a gente gosta. você sabe que das coisas que a gente aprende vivendo, porque no fundo é o único jeito de se aprender, eu tenho me sentido felizmente no pré-primário e, sem querer, tenho visto tudo com esse olhar de primeira-vez. as pessoas seguem me impressionando, eu tenho gostado muito de viver coisas que quando me falavam, passavam reto pelo meu ceticismo exagerado, e é calmo. olha, mas tá sendo um tal de pingar meu coração por aí. daí você começa a pensar que deixando seu coração um pouco em cada lugar, jajá ele acaba. mas não é assim, muito pelo contrário! você não sabe menino, mas quando você vai deixando o coração nos lugares, ele só vai ficando maior. cresce, cresce, igual a gente. eu nem gostava de cidade com mar e agora não vejo a hora de andar na praia. é muito maluco mesmo, pra ser sincera eu às vezes não entendo. achava que amava as pessoas que deixei por lá, como de fato amo, mas chega uma hora que você percebe que não consegue mais viver sem as pessoas que conheceu por aqui. meu deus, eu queria poder guardar em um tubo de pasta de dente essa sensação, colocar no correio e te enviar. é claro, iria guardar algumas pra quando eu voltar, naqueles dias de mesmice, sabe? faltava em mim um pouco dessa liberdade de vento no rosto e agora eu me sinto no banco de trás da moto. vou comprovando aos poucos o tanto de gente que tenho ao me redor que me faz bem, perto ou longe. e eu que sou consumista a beça, comecei a querer pessoas. não pra consumir, não. mas porque elas são raras demais. e se você acha que não, é porque não conhece as pessoas maravilhosas que eu guardei no bolso. se eu te apresento, meu filho, você vai ver. dai vem aquele momento que você tem absoluta certeza que já conheceu tanta coisa que vai viver eternamente pela metade. querido, chegou aquela hora que eu perdi a vontade de voltar, porque a gente tem medo da vida real, porque a gente sabe que tá vivendo um pouco no conto, porque a gente sabe que poucas coisas que a gente deixou por aqui, alguma vez vão voltar a aparecer na nossa vida. porque eu, que pensei que nunca viria, to chorando horrores porque não quero ir embora. e a má notícia é que eu estou voltando. mas a máquina-de-mudar-gente me fez tão diferente e, por sinal, tão bem, que na verdade agora eu sei que eu só coloquei na primeira marcha o que eu tava acostumada a viver no automático. óbvio, vou precisar acelerar de novo, justo na cidade aonde o trânsito não para, mas ao mesmo tempo eu deixei tanta coisa que eu amo pra trás que to voltando pra rever, buscar, abraçar e beber. tudo em câmera lenta.

Monday, May 02, 2011

são poucas as pessoas
que me puseram nos seus planos.

paciência, eram poucos os planos.

pra te por a par:
eu, hoje, não os peço mais.

eu não proponho mais a rota,
não pergunto o nome da rua,
despreguei o número da casa.

qual era mesmo o ponto?
em que cidade moro?
vê como é diferente uma pessoa que não é presa?

Sunday, April 24, 2011

há tanto de humano em você, que é lindo.
há algo de querer ser sua em mim, que dói.

há tanto de ser humano em mim, que é seu.
eu quero ser a dor em você.

Saturday, April 23, 2011

e em te querendo na minha hora e não te encontrando, vou voando. quem sabe?

é de se viver um daqueles que a gente já entra sabendo que vai sair dilacerado. mas não se pode, meu bem, cortar assim as coisas.

Monday, April 18, 2011

oratória.

me parece que as coisas estão mesmo
meio contraditórias,

o que me trai agora
pasme: é a minha memória.

e eu que pensava ter
uma visão assim tão pictoria,

acabo de descobrir que
esqueci o fim da história.

Sunday, April 17, 2011

meta-fora.

ele era tão ego-ista,
que me tornei muito eu-tanasia.

Tuesday, April 05, 2011

acordei pensando muito em te responder aquele e-mail. mas sua vontade de saber de mim era tão imediata que não sei se ainda faz sentido.

combinamos assim: responderei do mesmo jeito e se estiver dentro do prazo de validade você come de café da manhã, senão joga no lixo e tá tudo bem (só não esquece de colocar no reciclado).

Wednesday, March 23, 2011

o nosso problema é que você pensa e despensa muito rápido.
e daí chegou o dia em que eu resolvi te dispensar.

Sunday, March 13, 2011

você quando se apaixonar, menina
vai virar água contra corrente.

Monday, January 17, 2011

eu sei que parece maldade, menino. mas precisou a gente dar errado pra minha vida dar certo.

Tuesday, January 11, 2011

fazia tanto frio que eu perdi o medo de brincar com fogo.

Monday, January 10, 2011

cheguei atrasada um dia pro nosso amor, perdi o timing.
(o que é muito estranho porque eu costumava ser pontual. além disso, seu avião aterrisou na hora).
mas só queria te dizer que havia colocado meu relógio pra despertar, acontece que esqueci de trocar P.M. por A.M.
ironicamente o presente que você me deu de aniversário foi um relógio: sem ponteiro, sem alarme.
we don't meant to be, honey.
a gente não se ajuda.

tenho uma tese: você veio de NY pra barcelona e eu não me adaptei ao seu fuso horário.
em londres, que a gente voltou uma hora, eu te amei.
em paris, que dizem ser uma cidade romântica, eu não via a hora de bater meia noite em notre dame. vê como eu não sou clichê?

mas agora te juro que já tirei meu time de campo.
espero te ver em são paulo, no horário de verão. desculpa mas a europa não poupa energia. quem sabe até lá eu já tenha aprendido a olhar a hora no seu relógio, digo, no que você me deu. mas é claro que não cronometro mais os segundos. afinal, eu que te pedi um tempo.

Sunday, January 09, 2011

só pode ter sido meu ascendente em escorpião que não deixou a gente ser. você é virgem, meu bem. como os outros, todos os outros. isso é fatal.