Saturday, September 30, 2006

A minha pequenisse junto com a sua grandeza esboça a medida exata que tudo deveria ter.

Monday, September 25, 2006

Eu que tenho falado por muito tempo dos meus sentimentos.

Se eu me permitisse algum dia chegar mais cedo, como não é de costume, e botar para fora a história guardada que eu tinha para nós. Na qual você saberia do trilho que eu me equilibro a cada vez que te vejo, e a guerra que venço para que nunca passe pelos teus olhos a essência dos meus atos.

Tem que ser agora e não vai ser. Não é minha a tua vida jogada.

Por que você quer pertencer a alguém nesse mundo que ninguém pertence a ninguém? Se você me pertencesse, pertenceria ao mundo, e é isso que nós queremos (eu sei que é). E seria poesia a nossa rotina, escorrendo melodias entre as vigas das telhas que nos ouvisse murmurar.

Eu não te prometo nada, porque eu quero que seja agora, e não vai ser.

Se você soubesse que a vida um dia pode me levar a pensar que não era pra você, com você; embora, no fundo, sempre será de você. E seria injustiça se nós nem ao menos tentássemos só porque é preciso pertencer a alguém, nesse mundo de ninguém, e eu prefiro não pertencer. Já que pra mim, pertencer ao mundo, é pertencer a você (sem você nem ao menos saber).
E se meu relógio me permitisse chegar mais cedo com jeito, com ânsia de te explicar que eu não tenho muita vontade de explicar nada para ninguém, porque nesse mundo de ninguém são poucas as pessoas que merecem as minhas melodias escorridas entre as vigas da minha vida. Mas que pra você, eu explicaria que eu quero agora. E que se você continuar perdendo tempo recitando em vão sua poesia, e me deixando com a poesia amanhecida, a vida um dia pode me levar pra longe, pra pensar que só era de você.
Mesmo que agora o que eu mais queria era te prometer que o mundo é nosso e nos entende, murmurando debaixo das telhas jogadas da sua vida.

Saturday, September 23, 2006

Eu tenho a insuportável sensação de que as pessoas estão sempre na minha frente.

Eu tenho a insuportável sensação de que tudo o que é bom ao meu redor, acaba tão rápido que nunca deveria ter acontecido.

Eu tenho a insuportável sensação que eu ainda tenho sensações.

Thursday, September 21, 2006

Não é hora de sentir saudades agora que eu já apaguei tudo.
Que já paguei todas as horas que lembrei de todas as coisas.
Que já pintei todas as paredes da minha memória.

Não é hora agora, que já deu a minha hora.
Porque a sua, sempre foi.

Wednesday, September 20, 2006

Como foi?
Na verdade lá nunca é.

Tuesday, September 19, 2006

descaso.

Por que você foi e me deixou aqui sem canto, procurando descanso? Desencatada com todas as pessoas cansadas da vida, casadas com o tédio? Por que assim e agora se já se passaram passes de viagens mal-feitas, já se queimaram as luzes da sala em que eu te esperava? Por que pra mim, que curava o seu desalento e me descobria com ele? Por que se eu só queria a vida descalça, destino ao seu lado? Por que se dizem que desde então você não descolore uma frase que não seja desgraças? Por que se nesse desavesso eu descubro que desse jeito o que resta de ti é descaso?

Queria amar menos a vida.

"Quem disse que eu vivi por mim? Foi por você que sempre respirei"

Monday, September 18, 2006

É porque se a gente quisesse muito também não iria conseguir. Aí a gente quer tudo e tanto,
que falta tempo (mas não falta vontade).
E eu que queria agora só uma coisa, que não vou ter.
Então vou continuar desejando todas as outras, porque, no fim, sobra delas uma migalha boa entre todas as ruins.
Eu não estou otimista, jamais. É porque só de querer tanto já me faz tão feliz quanto me entristece. Aí só pelo fato de a tristeza não ser maior, já é gratificante. Embora eu nunca tenha desejado o nulo, por ser tão nada.

Wednesday, September 13, 2006

Eu escrevo para exorcizar os meus medos. Escrevo como quem se joga de um precipío sabendo que, mais hora, menos hora, o paraquedas tem que abrir. Minha escrita é resistência. É mais pelo fato de nada me pertencer do que pela minha vontade desequilibrada de que tudo me pertença. Escrevo para não chorar e derrubo uma gota de dor a cada palavra.
A poesia não é tragédia, é desespero. Quando escrevo sinto que passa por mim em um carrossel tudo o que poderia ser céu e é inferno. Eu escrevo para aguentar.

Sunday, September 10, 2006

E o medo de não querer nada?

Tuesday, September 05, 2006

Não há mais razão para tanta razão. Meus sentimentos são maiores que isso.

Monday, September 04, 2006

Nem sempre é questão de ir embora e sim deixar de ficar.

A intolerância acaba com a minha eterna espera do nada-acontecer. Com essa cíclica forma em que tudo acontece sem um mínimo propósito e foge do meu controle. Aí eu acabo com as minhas horas pensando em como não ser e esqueço simplismente do essencial, ser. Todo momento acho uma música que canta minha vida e todas elas são tristes. Há uma semana passo pouquíssimo tempo em casa, ou seja, sozinha. Isso significa que a qualquer hora posso sofrer a maior crise de abstinência do mundo, eu não tenho tempo pro meu vício e o meu vício é ficar só. Tem gente que jura (ao meu ver são todas pobres de si) que é melhor sofrer crise de abstinência de solidão a sofrer overdose. Eu gosto da overdose. Aliás, eu gosto da overdose por não sair de dentro de mim. Eu moro e morro em mim, lentamente, demasiadamente. A minha ânsia de todos ao meu redor me causa extrema dor. E eu tenho sono, morro de sono, me acabo de tédio, me mordo de ódio, e de que vale senão para a minha auto-destruição? Meus textos são o manual do não-ser, do não-passar, do não-tentar. Uma exposição dos meus piores/melhores sentimentos que tendem a virar brincadeira caso, por um erro, caia na mão de uma pessoa certa (porque a errada certamente sou eu). É como se eu estivesse despida, com toda a minha pele na promoção pendurada em um cabide e só sobrasse os meus sentimentos em um freezer que, por ironia, é quente. Resisto bravamente em fazer tudo o que não gosto, mas faço. E quando vou fazer o que me dá prazer logo acho errado, que não preciso. Pois preciso! É a minha vontade! Será que eu poderia me entender? Será que eu poderia me permitir fugir dessa monotonia amarga que é a minha vida? Se é que isso é vida. Eu me sinto no último dia de um espetáculo, que durou três anos (ou vinte). O dia em que o elenco se despede, que a cortina fecha, que o palco já está gasto, o cenário foi tirado e aí não mais que de repente o palhaço, agora com o rosto sem maquiagem, afinal até ele sabe o que é e como é a realidade, entra no palco e diz com uma voz rouca, quase de dó, para o platéia, ou seja, para mim, já que só eu resisti até agora: a vida é isso. E eu que esperava muito mais. As vezes eu acho que não é a vida e aí quando vale é, e quando é péssimo, não é. Conclusão, quanto mais me engano, mais tempo demoro para aceitar e eu só me engano. Eu nunca quis ir embora, mas me esforço para deixar de ficar. Me esforço para saber o que quero, me esforço para não me esforçar e para que meu esforço seja revertido em calma um dia, em paz. Pois dentro de mim é tempestade.