Wednesday, August 09, 2006

Era só sorriso e passos macios mesmo entre espinhos. No entanto de ilusão a vida já havia sido feita e daqui para frente era nada. Fui revisitada e acabei fechando para balanço. Até quando já acertei, erro. Dou meia volta inteira e volto meia dor a frente da que comecei. Já tinha acabado, voltou e não foi justo porque não durou. Mesmo assim fecho os olhos, os sorrisos, conto meus passos e canto as mais ácidas melodias. Gritar seria bom. Finjem ser felizes e nem isso eu consigo. Sou uma farsa e não nego, não tenho coragem. A cada vez que calço o chinelo ao levantar com o pé esquerdo de manhã, sei exatamente o que vou fazer e tudo o que hei de odiar durante todas as direções que andar. Me faço mil vezes as mesmas dez perguntas clichês e respondo dez vezes da mesma forma de quando essas me ocorreram pela primeira vez, embora tente achar a cada uma um motivo para aceitar a decepção de não ter sido. Jurei mil vezes para mim que não faria, que não cairia de novo, e quem disse? Foi pior. E sobrou nada, mas a vontade de ser tudo. Não me permiti, fui, errei e quero de novo. Sabe o quanto me condeno por isso? Se conseguisse abriria minha janela todos os dias as 4:30 da manhã e da noite, sentaria no parapeito e daria um sorriso para todo o mundo chorar e esse seria o único do dia. As pessoas precisam aprender que a alegria é fácil mas a tristeza é bonita. E não são vocês, pessoas ao meu redor, que preferem as coisas bonitas? Vocês me cansam e se cansam. Deve ser chato ser feliz e nada, bonito e só. Agora está tudo fora do meu alcance, e eu que achei que um dia tinha tido, tinha sido. Embalo a minha vida com intervalos de tédio e mal humor, constantes de lembranças do que foi e saudades do que nunca chegou a acontecer.